• Micro-conto sem título pt. 3





    Segue abaixo o que seria uma continuação dos micro-contos que já postei antes. Ainda não consegui pensar em um nome, por isso continua assim, vamos ver com que frequência conseguirei escrevê-lo.
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    Despertou aquela noite sabendo que seria designado a uma tarefa, sua primeira desde que entrara para o Clã dos Destemidos. Um grupo conhecido por não respeitar nenhuma regra, por fazer sua própria lei ao executar um comando.

    Sua intenção nunca fora fazer parte desse bando, porém muito havia acontecido nos últimos meses, e ele apenas pensava em vingança, cegando completamente qualquer outro pensamento. Sua sede de "sangue azul" era tão imensa que até estar sob o céu noturno o enchia de ódio e rancor.

    Como sempre, caminhara lentamente até a sede do clã, não sabia por que, mas tinha certeza que aquela missão o mudaria para sempre. Pensava que fosse talvez por ver seu sangue vingado, porque iria fazer com que pagassem por sua perda. Abriu a porta do antigo prédio e logo na entrada esbarrou com Messias, o mensageiro do Mestre do clã.

    _ Olá Samuel, bem vindo novamente, espero que esteja preparado, soube que será uma missão daquelas.

    _ E o que você sabe sobre missões Messias? Vive só aqui dentro, nunca nem mesmo colocou as fuças para fora desse prédio, vive para levar recados ao seu Mestre e nem mesmo é verbalmente, apenas no papel, pois ele sabe que é burro demais para ler os códigos ali inscritos.

    _ Ôh cara, que é isso, não é porque agora é um Destemido caçador que tem que tratar os menores com desprezo.

    Messias se aproximou de Samuel e tentou tocar-lhe o ombro, mas o mesmo desviou e lançou um olhar tão cruel que o simples mensageiro resolveu se afastar e seguir seu caminho deixando o demônio em paz antes que lhe arrancasse a cabeça do pescoço.

    Samuel seguiu para o interior da casa, entrando em uma sala imensa, com uma enorme mesa de madeira e dezenas de cadeiras antigas ao seu redor. Na ponta da mesa, encontrava-se sentado o líder de sua equipe, Bartes, um vampiro tão cruel que muitos o consideravam a reencarnação do próprio diabo. Muitos diziam que ele havia sido treinado realmente no inferno, apesar de ninguém, nem mesmo o Mestre, saber se tal lugar existia. Bartes, diferente da maioria dos vampiros, não tinha a pele lisa e branca, sem marcas e bela que lhes eram tão importantes. Seu rosto era negro como o céu da noite, mas sem a beleza do mesmo, seu olho esquerdo era uma bola vermelha, pois havia sido atacado pelo inimigo e quase o perdera. No lugar do nariz um buraco negro tomava o espaço. Sua cabeça era lisa, sem nenhum fio de cabelo. Ele tinha quase 2 metros de altura de puro músculo, e suas mãos pareciam mais marretas do que qualquer outra coisa. Qualquer um que entrasse em seu caminho era literalmente esmagado.

    Samuel prestara atenção na gritante diferença entre o seu líder e a sala onde se encontravam. Com aparência vitoriana, a sala esbanjava beleza e elegância, seu Mestre era apaixonado por arquitetura e todas as salas sempre estavam impecáveis, as paredes estavam cobertas com pinturas famosas, e ele tinha quase certeza que muitas delas na versão original e não apenas uma cópia barata. Seu clã era muito bem recompensado pelos demais por serem aqueles que estavam sempre dispostos a limpar a sujeira alheia, eram conhecidos pelas costas como "Os Faxineiros". Mas caso Bartes ouvisse tal alcunha, quem a pronunciasse seria morto imediatamente. Ele era uma peça tão fora de contexto dentro daquela sala que o próprio se sentia deslocado, e parecia incomodado sentado à mesa.

    _ Seja bem vindo Samuel, tenho algo a lhe dizer, escolha uma cadeira e sente-se.

    O vampiro escolhera uma cadeira próxima o bastante para ficar longe dos longos braços de Bartes, não queria ser o alvo mais próximo caso algo lhe aborrecesse.

    _ Bem, temos uma missão de captura, sei que nossas missões sempre são de extermínio, porém, nesse caso, temos ordens diretas do Mestre para capturar um inimigo vivo, esse em específico. Parece que o porcaria tem algo de valor que o Mestre deseja.

    _ E quem seria o alvo?

    _ Um anjo, ou melhor, uma anja. Ao que parece ela tem alguma informação valiosa. Não é apenas para matar e nos livrarmos deles, dessa vez ele pensa em algo estratégico, mas nem me pergunte o que é, sabe bem que o Mestre nunca conta seu verdadeiro plano.

    _ E você já tem um plano para a captura Bartes?

    _ Pô cara, você é o crânio do grupo, porque teria te chamado aqui se já tivesse um?

    _ Ok, pensarei em algo. Para quando pretendem colocar em ação? Será que me consegue mais informações a respeito do alvo?

    _ Tá tudo nessa pasta aí na mesa nego, nem perdi tempo lendo, deixo pra você queimar os miolos.

    Samuel pegou a pasta sobre a mesa e a colocou debaixo do braço sem abri-la. Acenou para o líder e seguiu para fora da sala. Teria uma noite longa e não queria perder tempo.

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